Libelinha e Ativista, a História da Sara na Costura

Olá, o meu nome é Sara, conhecida por todos como Libelinha, e sempre fui apaixonada por moda. Nos tempos do liceu passava a vida a fazer croquis de roupas que um dia gostaria de costurar e vestir. 

Aos 16 anos aventurei-me da máquina de costura da minha mãe para criar um top a partir de uns restos de malha e ganga que andavam lá por casa. Sem grande conhecimento, nunca tinha pegado numa máquina de costura, aventurei-me a unir aqueles pedaços de ganga à malha que ficaria na lateral e coloquei um fecho no centro … Ainda estou para perceber como é que preguei aquele fecho! O meu único erro foi nas pinças de peito. No final tinha um top com dois cones que parecia aquele polémico top da Madona.

Fiquei tão frustrada que desisti da costura por uns bons anos e dediquei-me a fazer peças únicas em tricot e crochet. Mas o tricot e crochet eram muito limitadores e eu continuava a desenhar os meus croquis com o desejo de um dia costurar aquelas peças e vesti-las.

Aos 36 anos tive aulas de costura com uma modista. As aulas eram apenas uma vez por semana mas gastava duas horas em transportes públicos para a ida e mais duas horas para o regresso tornando-se inconcebível passado algum tempo. Aprendi a costurar mas faltava-me algo mais para conseguir fazer as peças que desenhava e que eram fora do normal. Há 5 anos atrás tive a oportunidade de fazer uma formação em Modelista de Vestuário com uma formadora que, para além de ter formação em estilismo, era filha de alfaiate. Não sei se terá alguma coisa a ver mas alinhava quando eu propunha as transformações mais loucas aos moldes base. Sinto que aprendi o que precisava saber para pôr em prática todos aqueles croquis que fui desenhando ao longo da minha vida.

Hoje como ativista ambiental (sou organizadora de limpezas de praia e seguidora do movimento Lixo Zero), dedico-me essencialmente a fazer upcycling, desenvolver produtos alternativos aos produtos de utilização única e a combater o Fast Fashion. É doloroso saber que em Portugal, por ano, são descartadas 200 mil toneladas de roupa; roupa de má qualidade produzida para durar apenas 7 utilizações. Quem conhece o processo de costura de uma peça de vestuário sabe que é um desperdício ser tão barata e durar tão pouco. E digam-me lá … Não é tão bom ter uma peça feita por nós, no nosso padrão favorito e que dura muito mais tempo?

Além do mais a costura não é um bicho de 7 cabeças. A Filipa Castilho desmistifica e simplifica tão bem a costura que só não faz quem não gosta. 

A costura para mim é uma terapia onde dou asas à minha imaginação e crio peças únicas, sejam de upcycling ou de raiz. Além de terapêutico é também o meu modo de vida, o meu negócio. Sou formadora de costura e tenho a minha marca registada, a Libelinha Design.


Sara Figueiredo é formada em Modelagem de Vestuário com 5 anos de experiência e 3 anos de experiência como formadora de costura. É ativista ambiental, tem uma marca de upcycling a Libelinha Design. Instagram: @libelinhadesign

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2 thoughts on “Libelinha e Ativista, a História da Sara na Costura

  1. Reply
    Mafalda Alegre
    Fevereiro 23, 2021 at 10:37 pm

    Adorei!
    Identifiquei-me com o facto de a costura ser terapia e com a luta contra o desperdício! Para mim costurar é terapia e durante 2020, usei a minha máquina de costura para começar a minha jornada de redução de desperdício! Comecei a fazer discos desmaquilhantes que são quadrados, precisamente para reduzir o desperdício de tecido!
    Muito obrigada pela partilha! 🙂
    @_bymaf
    #terapiaempandemia
    #costuraterapiaempandemia

    • Reply
      Filipa Castilho
      Março 12, 2021 at 3:49 pm

      Grata pelo teu feedback Mafalda.
      Aos poucos vamos mudando o mundo.

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